terça-feira, 21 de agosto de 2012

Terras do nosso Algarve - Monchique

Água fresca, verde e vistas. No pico da Picota ou a banhos nas Caldas - ir a Monchique é conhecer o reverso do buliço da costa - é poder encher os pulmões de ar puro e aconchegar o estômago com os prazeres da cozinha. Suba pelos carreiros, espreite nos miradouros e quando tiver sede coloque as mãos em concha e beba das famosas águas que escorrem das entranhas da terra directamente para as centenas de bicas que existem por ali. Não dispense também uma visita às termas, que lhe oferecem um cenário de água, luz e verde.


A Fóia é o ponto mais alto do Algarve e dali se abrange toda a Serra de Monchique, onde as árvores seculares formam um misterioso jardim, uma catedral natural que o mar emoldura no infinito.
Vegetação luxuriante, fontes, ribeiras e regatos que se descobrem a cada recanto, a história da povoação é indissociável da existência de tão grande riqueza hidrológica, ainda para mais conhecidas desde tempos imemoriais pelas suas propriedades curativas.

Localização

Monchique é um concelho montanhoso delimitado por Odemira a norte, Silves a Este, Silves, Portimão e Lagos a Sul e a Oeste por Aljezur.
A sinuosa EN 266 vinda de Portimão, serpenteia em direcção a Norte atravessando Monchique antes de se dividir em Luzianes, para Odemira ou para Ourique.


População

A freguesia possui 5385 habitantes (Censos 2001), a que se juntam muitos residentes de outras nacionalidades atraídos pela beleza natural da serra.

Actividades Principais

A extracção de sienito em diversas pedreiras na Nave, onde se podem observar canteiros a talhar paralelepípedos para calçadas e a extracção da cortiça são das actividade económicas mais importantes, a par do engarrafamento da água de Monchique e da exploração florestal intensiva (eucaliptos e pinheiros).
Outras fontes de rendimento são os produtos agro-alimentares artesanais e a apicultura. A suinicultura e a agricultura de subsistência em socalcos também são relevantes para a economia local.

História

Elevado a concelho por Decreto em 1773, ano em que a povoação também foi elevada a Vila saindo do “termo” de Silves, Monchique é no entanto muito anterior a estas datas.
O terramoto de 1755, só terá provocado 3 vítimas, mas o casario ficou muito arruinado assim como a igreja matriz. O convento ficou completamente arrasado.
Da presença romana à árabe, não restam quaisquer referências especiais mas a descoberta de diversos exemplares de moedas romanas de ouro, prata e cobre, podem comprovar a sua presença ou passagem por este local, desde pelo menos reinado de Constantino (306-337 d. C.), Graciano (375-383 d. C.), Teodósio (379-395 d. C.) e Honorio (395-423 d. C.).
Regista-se a estada de D. João II a banhos para recuperar da sua doença, nas Caldas por volta de 20 de Outubro de 1495, nos que viriam a ser os últimos dias da sua vida pois, daqui sairia para Alvor onde viria a falecer a 25 de Outubro.



Património Cultural

Igreja Matriz - Foi edificada nos sécs. XV/XVI e os elementos mais relevantes são os seus dois pórticos, o principal (virado a poente) e lateral (Sul), belos exemplares do estilo manuelino. A igreja confere uma sensação de abertura e leveza talvez por serem tão amplas as suas três naves, separadas por harmoniosas arcadas de volta perfeita, onde os capitéis das colunas repetem o tema decorativo do portal principal.

Ainda no interior, existem sete retábulos. Na capela-mor o retábulo de talha dourada do séc. XVIII apresenta dois anjos a segurar a lua e o sol. A imagem da Nossa Sr.ª da Conceição atribuída ao escultor Machado de Castro, data do séc. XVIII é um exemplar o período rococó de grande qualidade estética. A registar ainda a Capela do Santíssimo com uma abóbada manuelina revestida com azulejos do séc. XVII com os quatro painéis de alminhas.

As opiniões divergem sobre a data da sua construção, por um lado refere-se a sua sagração, com a vinda de D. João II a banhos neste lugar por volta de 1495 (séc. XV), mas mais provável é a sua construção encontrar-se associada à elevação de Monchique a sede de Freguesia, no período do Bispado de D. Fernando Coutinho, no primeiro terço do século XVI (1502-1536). Veio a sofrer uma profunda remodelação posterior ao terramoto, que se presume pela falta de harmonia entre estilos.

Núcleo de Arte Sacra de Monchique na Igreja Matriz - Irá funcionar neste Imóvel de Interesse Público, reunindo o espólio sacro da freguesia de MonMonchiquechique, que entretanto foi alvo de uma recuperação por especialistas.

Convento de Nossa Sr.ª do Desterro - Localiza-se no topo de um cerro sobranceiro à vila, tendo próximo uma Magnólia classificada como árvore monumental.

O convento Franciscano foi destruído pelo terramoto de 1775 encontra-se actualmente em ruínas. Pode-se mesmo assim desfrutar de belos panoramas sobre a vila e a encosta da Picota.

Foi fundado em 1631 por Pero da Silva, o “Mole”, que mais tarde foi vice-rei da Índia.

Igreja de S. Sebastião - De registar as colunas fantasiosas que integram o retábulo do altar e a imagem da Nossa Sr.ª do Desterro datada do séc. XVII.

Igreja da Misericórdia - Possivelmente anterior ao séc. XVI, podemos apreciar nesta igreja o altar, o púlpito e o baldaquino que constituem um conjunto de grande valor. A não esquecer a exposição dos painéis utilizados nas procissões e duas telas do séc. XVIII.

Ermida do Senhor dos Passos -  Situada dentro da vila é uma ermida muito simples, de um só altar onde se veneram as imagens. A destacar a de Cristo em tamanho natural.

A Ermida das Caldas de Monchique com uma construção simples situa-se nas Caldas de Monchique.


Complexo Arquitectónico

O complexo arquitectónico de Monchique, e o seu meio envolvente é, no seu todo, de uma enorme beleza, fazendo lembrar outros locais. Daqui advém em grande parte o facto de Monchique ser conhecida pela “Sintra” do Algarve.


Património Natural

A Serra de Monchique, incluída na rede natura 2000 é um habitat mediterrânico com forte influência atlântica e com intensa precipitação. Por existirem estas condições, toda a zona, é extremamente rica do ponto de vista botânico.


Esta serra também é o habitat do felino mais ameaçado da Europa, o Línce Ibérico.

Laranjeiras, cerejeiras, pessegueiros e castanheiros crescem nas encostas em socalcos. Perto do cume dos cerros podem ser encontradas espécies raras como o Rhododendrum ponticum ssp baeticum, a Paeonia broteroi e a orquídea da espécie Neotinia maculata.

O coberto arbóreo actual é principalmente constituído por sobreiros, pinheiros e grandes plantações de eucaliptos para a pasta de papel. O medronheiro também cresce abundantemente entre os sobreiros e os pinheiros.

Fonte dos Amores - A Fonte dos Amores localiza-se nas Caldas de Monchique. Num espaço de merendas aprazível, à sombra de eucaliptos ancestrais. Para além deste sítio é possível observar várias outras quedas de água nas Caldas.


Encosta da Picota - (situa-se na estrada de Monchique para Alferce) O Cerro da Picota nos seus 774 metros é um dos pontos mais escarpados da Serra de Monchique.

A encosta da Picota, é um dos poucos locais onde se podem observar ainda resquícios da vegetação autóctone da Serra de Monchique, onde se incluem o castanheiro, o carvalho de Monchique e o carvalho cerquinho, entre numerosas outras de importante interesse científico.

Barranco dos Pisões - A cerca de 3 Km da vila, na direcção do sítio do Peso, o Barranco dos Pisões destaca-se, tal a abundância das águas que correm, normalmente todo o ano. Estão presentes freixos, amieiros, salgueiros e choupos, bem como um plátano classificado como Árvore Monumental de Portugal.


Produtos Locais

Um dos mais interessantes produtos artesanais é a cadeira de tesoura, inspirada no mobiliário romano. De início só se fabricavam por encomenda, para as casas mais abastadas. Actualmente a madeira utilizada é a de amieiro que cresce nas zonas mais húmidas da serra.

As colheres de madeira, são outros dos produtos artesanais com muita procura, assim como a cestaria de cana e vime. A aguardente de medronho, o mel e os enchidos de produção caseira são produtos emblemáticos.

Tradições

Diz o povo que o castelo de Alferce comunica com o de Silves por extensas galerias e túneis e que no Barranco do Demo, está escondido um tesouro guardado e defendido pelo “Maligno” que, para o fazer, se transforma em bode...

Coração de Plátano

Reza a lenda que de tantos corações desenhados no velho plátano das Caldas de Monchique, que a jurássica árvore acabou por ganhar alma e se perder de paixão por um abelharuco. Um dia a ave bateu asas e nunca mais voltou. Desnorteado, o plátano desfez-se em lágrimas e refugiou-se na terra. Mas porque o tempo esbate até as marcas de um grande amor, mais tarde, já recomposto, transformou-se em fonte e diz o povo que aquelas águas salvam agora vidas e amores desenganados.

Gastronomia

É extensa e rica a gastronomia serrana e com muitas características distintivas da restante gastronomia algarvia. Os milhos, a assadura e o frigineco, são petiscos a descobrir.

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