domingo, 4 de março de 2012

Terras do nosso Algarve - Alcoutim

Ao partir à descoberta pelo Algarve interior, encontra paisagens que contrastam com o típico e caracteristico sul algarvio unico pelas suas praias.

A vila de Alcoutim é uma dessas paisagens singulares. Fazendo um percurso por entre curvas e contra curvas, encontra toda uma povoação construida com vista para o Rio Guadiana, de casas com paredes brancas e um sossego ensurdecedor.


Mas o mais singular é a povoação mais próxima que espelha igualmente no rio, S. Lucar del Guadiana, só o Guadiana permite esta divisão entre povoações. Existe uma ligação muito próxima entre gentes raianas, quer no que diz respeito a familias, quer a nível profissional.

A gastronomia aqui é muito diferente da das regiões costeiras, baseando-se no porco e no borrego, azeite e pão caseiro. O feijão, as favas e as ervilhas também são muito usados e podem ser provados em deliciosos pratos de caça a acompanhar lebre, perdiz ou javali. 

Alcoutim é uma vila com história, que se prova pelo seu castelo e pelos seus inúmeros vestígios arqueológicos.




Visitar Alcoutim
A fita azul do rio por entre serranias redondas cobertas de estevas. A mancha branca do casario subindo as ladeiras do anfiteatro das colinas, coroadas pelos campanários de igrejas, a mole escura de um forte castelo. A elegante silhueta dos veleiros ancorados junto à margem. Impressões de Alcoutim que seduzem o visitante, que o levam a percorrer as suas ruas e a viver horas tranquilas numa esplanada à beira da água.

Castelo
Ocupando uma elevação sobranceira ao rio, o local onde o castelo está implantado, de acordo com as escavações arqueológicas efectuadas, terá sido ocupado na Idade do Ferro e no início da ocupação romana. A construção do castelo será dos inícios do séc. XIV, iniciada por ordem de D. Dinis, como defesa de fronteira. Sofreu alterações nos sécs. XVI e XVII. Conserva ainda parte do adarve (caminho de ronda) e ameias com seteiras. No seu interior funciona o Museu de Arqueologia, onde estão expostos os achados arqueológicos do concelho, bem como vestígios das edificações descobertas durante as escavações.


Igreja Matriz
É um dos melhores exemplares do primeiro Renascimento no Algarve. Foi erguida entre 1538-1554 no local de uma igreja medieval. Sofreu alterações posteriores. Elegante portal encimado pelo brasão dos marqueses de Vila Real e pelo dos condes de Alcoutim, com o característico entrelaçado de ramos de azinheira e a inscrição “Alleo”, associada ao levantamento do cerco mouro à recém-conquistada cidade de Ceuta por D. Pedro de Menezes (1418/19). Interior de três naves e quatro tramos. Colunas rematadas por bonitos capitéis corínteos. Capela-mor e capelas laterais com retábulos de talha. Interessante conjunto de imaginária religiosa. Na sacristia, três frestas ogivais.

Ermida de Nossa Senhora da Conceição
Do templo manuelino (séc. XVI), que substituiu a primitiva construção gótica, resta o portal. O actual edifício é uma reconstrução do séc. XVIII. Um interessante escadório barroco dá acesso a um amplo adro que é, também, um magnífico miradouro sobre a vila e os campos circundantes. As paredes caiadas, a cúpula redonda do altar-mor e o sino sobre o portal, guardado por um ninho de cegonhas, compõem um pitoresco quadro tipicamente algarvio. Destaque para a imagem de Nossa Senhora da Conceição e para o retábulo barroco do altar-mor (séc. XVIII). De referir que neste templo funciona o Núcleo Museológico de Arte Sacra, que tem por objectivo divulgar a arte sacra do concelho de Alcoutim.

Centro Histórico
Alcoutim, apesar de ter perdido as muralhas que, durante séculos, a cercaram e algumas construções modernas, mantém nas suas ruas estreitas e íngremes o lado típico da atmosfera tranquila de uma vila serrana.
Um passeio de alguns minutos leva à descoberta de singelas casas centenárias, do vulto branco da Igreja da Misericórdia. Para terminar, importa descer até à beira-rio, marcada pela sóbria ermida de Santo António, a antiga Casa dos Condes de Alcoutim. Depois, é saborear uns momentos de repouso, na companhia de uma bebida fresca, numa esplanada em frente à água, enquanto se aprecia o barco de pesca que regressa, os veleiros ancorados na pequena marina ou a povoação espanhola de São Lucas do Guadiana na outra margem.


Um Antigo Povoado Árabe
A cerca de 1 quilómetro de Alcoutim, atravessando a ribeira de Cadavais por uma moderna ponte, erguem-se num morro sobranceiro ao rio as ruínas do castelo velho, considerado um monumento ímpar do período islâmico de Portugal. A sua tipologia corresponde a uma fortaleza rural da época muçulmana, construída para realizar o controlo da navegação e do comércio mineiro sobre o rio Guadiana. A fortaleza é constituída por um conjunto de muralhas e compartimentos, edificados com muros de xisto ou grauvaque, e foi ocupada desde os sécs. VIII-IX (época do Emirato) até ao séc. XI (período dos reinos de Taifas), momento em que foi abandonada. Alguns dos objectos descobertos neste local encontram-se expostos no Núcleo Museológico de Arqueologia da vila de Alcoutim.

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