sábado, 18 de fevereiro de 2012

À Descoberta do Algarve Rural - Costa Vicentina

Percursos da Costa Vicentina


Percorremos as Rotas do Infante D. Henrique entre arribas, falésias, dunas, areais sem fim e um imenso mar. É "o fim do mundo" no coração do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. 
Talvez se observe alguma águia, ou lince, lontra ou outros mais.
Menires enigmáticos, fortes a lembrar corsários e piratas, castelos de reis e princesas. Miradouros com o Atlântico ao longe num horizonte sem fim. E o vento por companhia. Descemos a praias rebeldes, enseadas tranquilas, porto de pesca tradicionais, ribeiras e mais ribeiras. Em todos os lugares o sabor a mar. Perceves, cataplanas, muito peixe e marisco. E o gosto da terra. Batata doce, feijão, grão. Por entre pinhais e matagais, subimos por encostas de casinhas brancas, entramos em pequenas igrejas e museus locais. Encantam-nos as gentes e os seus testemunhos.



1º Troço: Budens - Vila do Bispo


Budens - Vila do Bispo 20 Kms

Este é um percurso pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Caminha-se ao longo de oitenta mil hectares por imponentes arribas xistosas na costa ocidental e calcárias na costa sul.
Partimos de Budens, povoação de ruas pitorescas, onde há a destacar a Igreja Matriz. Descendo em direcção à costa, no local de Boca do Rio, podemos visitar o Forte de S. Luís ou de Almádena. Este forte, tal como outros do percurso, foi construído para proteger as armações da pesca do atum de corsários e piratas. Voltamos à estrada que liga Budens à Raposeira para visitar a Ermida de Sto. António. Mais à frente, a não perder, encontra-se a Ermida de N. Sra. de Guadalupe, local onde o Infante D. Henrique orava. Hoje é Monumento Nacional. Os capitéis, decorados com ramos, folhagens, conchas e cabeças humanas são de grande riqueza. 
Chegamos à Raposeira, uma pequena aldeia de casas com portais dos sécs. XV e XVI, que foi um dos locais de habitação do Infante D. Henrique. A Igreja Matriz da Raposeira é composta por uma só nave, apresenta um portal Manuelino e uma torre sineira terminada em pirâmide octogonal. Esta zona é de grande riqueza arqueológica. Desviamos para a estrada que dá acesso à Ingrina na descoberta do Menir de Milrei e do Menir do Padrão, o único que se encontra erguido na zona.



2º Troço: Vila do Bispo - Sagres


Vila do Bispo > Sagres 11km


Em Vila do Bispo visitamos a Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição (8) que tem uma escadaria de acesso à torre onde existem quatro sineiras. Anexo à igreja, no Museu de Arte Sacra (9) expõem-se, entre outras, uma cruz românica com a imagem de Cristo Coroado e duas custódias. Frente à Igreja, está uma oficina de lãs, a “Fios com História” (10), que mostra o processo tradicional, desde o tratamento da lã e fiação até à confecção de artigos. E não podemos sair de Vila do Bispo sem saborear os perceves!. 
Aconselhamos um desvio até à Praia do Castelejo onde fica o Miradouro do Castelejo (11). Daí observa-se o perímetro florestal de Vila do Bispo, a panorâmica da costa e a Torre de Aspa (12), próxima da Praia do Castelejo. Os vestígios da torre persistem junto do actual marco geodésico.
Saímos em direcção a Sagres pela antiga estrada e paramos no Monte Salema à descoberta do conjunto de Menires do Monte dos Amantes (13). São 9 pedras monumentais e enigmáticas, com formas fálicas e diversas inscrições.





3º Troço: Cabo de S.Vicente - Carrapateira

Seguimos para o Cabo de São Vicente (18), o ponto mais a sudoeste da Europa Continental, denominado como “o fim do mundo”. É uma referência nas rotas marítimas que interligaram a Europa à América entre o séc. XIII e o séc. XVI. Visitemos então o Complexo do Forte do Cabo de S. Vicente (19), onde se destacam o Farol e um Espaço Museológico sobre o tema. O cabo oferece uma óptima vista panorâmica sobre o mar e as arribas. Os calcários dolomíticos culminam em imponentes falésias de 100 m de altura. As areias preenchem as fendas no topo dos rochedos, proporcionando substrato a várias plantas. Junto à Praia do Beliche fica a Reserva Biogenética de Sagres (20). O clima é húmido e os ventos fazem-nos companhia dia e noite. A paisagem da zona é caracterizada por pinheiros bravos e por matagais. Por aqui passam um grande número de aves no seu processo de migração, fazendo uma pausa para se alimentarem. De Maio a Outubro podemos observar as aves aquáticas e de rapina. Voltamos a subir em direcção a Vila do Bispo seguindo na estrada EN 268 para Aljezur.



4º Troço: Carrapateira - Aljezur


Carrapateira - Aljezur 36 Kms 

A próxima paragem é na Carrapateira, aldeia implantada num conjunto de cerros. O Forte da Carrapateira tem muralhas de xisto da região e envolve a Igreja Matriz da Carrapateira (21). Esta é um edifício do período Barroco, com uma arquitectura popular, reconhecida nas formas, texturas e elementos decorativos. Para os amantes da natureza sugerimos uma pequena rota partindo da Carrapateira em direcção à Ilha do Forno, para ver o tradicional Porto de Pesca da Carrapateira (22). Seguimos viagem passando pela Ponta do-a-do-Pau, Palheirão, Pontal, onde a vista sobre o mar é deslumbrante. Na estrada para a praia da Bordeira encontramos a Ribeira da Carrapateira que desempenha o papel de “reabastecimento” no processo de migração das aves aquáticas. Toda esta zona é de grande valor ecológico, uma vez que nela se encontram representados vários tipos de habitats do Parque Natural.
A Carrapateira é envolta por um cordão dunar de grande diversidade florística. Algumas espécies de aves encontram-se no topo da lista das prioridades de conservação, como é o caso da águia de Bonelli e a águia pesqueira. De entre os mamíferos destacam-se o lince-ibérico, actualmente em vias de extinção, a lontra, o gato-bravo, o coelho-bravo e o javali. Na estrada entre a Carrapateira e a Bordeira encontramos uma vasta área de pinheiro manso conhecida como o Pinhal de Bordalete (23).
Chegamos à Bordeira, uma aldeia envolta por serranias e campos de cultivo. A Igreja Matriz de N. Sra. da Encarnação (24) apresenta na fachada lateral um pequeno átrio com traços Barrocos primitivos. Exibe no interior um arco triunfal e o rétabulo do altar-mor, com as imagens de N. Sra. da Encarnação.
Meio quilómetro antes de Aljezur viramos à esquerda para a Arrifana, uma aldeia enquadrada num extenso areal abrigado por falésias. Aí organizam-se passeios turísticos e de pesca desportiva. A aldeia tem um pitoresco Porto de Pesca (25) ligado à figura do príncipe e poeta muçulmano Ibn Caci que lá viveu retirado. Merecem visita o Forte e o Miradouro da Arrifana (26) no cima da falésia. Daqui podemos ver a Pedra da Agulha, uma rocha gigante erguida no meio do mar. 



5º Troço: Aljezur - Odeceixe



Voltamos à EN 120 e vamos até Aljezur onde fazemos uma pausa para apreciar o prato de feijão com batata doce. Em Novembro realiza-se a “Feira da batata doce e do perceve” organizada pela “Associação de Produtores de Batata Doce”. Mas o sargo, douradas e robalos também fazem parte das delícias gastronómicas. No artesanato local, é de procurar a cestaria, cadeiras de tabúa e trabalhos em latão e cobre.
Aljezur, fundada pelos Árabes no séc. X, estende-se ao longo de uma colina e desce em direcção à ribeira. Na parte nova da vila as habitações envolvem a Igreja de N. Sra. da Alva (27). Conhecida como a Igreja Nova, possui uma valiosa imagem de N. Sra. da Alva. Podemos ainda visitar a Igreja da Misericórdia (28) onde numa das suas alas funciona o Museu de Arte Sacra. 
A não perder é o Castelo de Aljezur (29) datado do séc. X, com um vasto espaço muralhado e duas torres. Daqui é possível ter uma óptima panorâmica sobre a serra. A Fonte das Mentiras (30) está situada no cerro do castelo. Diz a lenda que há uma passagem subterrânea até ao castelo e que, aquando da conquista da vila, lá se escondeu uma bela moura amada por um cristão.
Recomendamos a visita à Casa Museu Pintor José Cercas (31) e, na parte velha da vila, ao Museu Antoniano (32), ao Museu de Arte Sacra “Monsenhor Francisco Pardal” (33) e ao Museu Municipal (34) que está instalado no edifício dos antigos Paços do Concelho e integra a Galeria Municipal, esta com um importante núcleo arqueológico e outro etnográfico.
A bonita Ribeira de Aljezur ladeia a estrada para a Praia da Amoreira e as Dunas da Praia da Amoreira (35). Nos topos das falésias e nos estuários existem extensos sistemas dunares que albergam uma flora única. A costa é de altas e escarpadas falésias. Nas praias, pequenos cursos de água desaguam no Atlântico. 
Voltamos para a estrada principal até Rogil. A escolha gastronómica é difícil. Saborear a cataplana, a caldeirada de peixe, o arroz de marisco ou a feijoada de búzios? No final deste percurso avista-se mais uma colina que abriga Odeceixe. Para compreender o processo de transformação da uva até ao vinho, visite o Pólo Museológico Adega Museu (36). Recomendamos também a Igreja Matriz de Odeceixe (37), ou a subida ao cerro até ao moinho de vento, onde funciona o Pólo Museológico do Moinho (38). Para terminar o percurso vamos dar uma volta pelo vale de Odeceixe, tomamos banho e observamos as aves na Ribeira de Seixe. Subimos ao Miradouro da Praia de Odeceixe (39) e deixamos o olhar percorrer o horizonte.


Sem comentários:

Enviar um comentário