sábado, 2 de julho de 2011

Amêndoa algarvia a 47 cêntimos/kg

"A amêndoa algarvia está a passar tempos difíceis. O custo da mão-de-obra está a crescer, inversamente ao preço do produto, que em 2010 atingiu o valor mais baixo dos últimos 10 anos: 47 cêntimos por quilo.



"Pagamos 30 euros de mão-de--obra por dia, por pessoa, e cada arroba [15 quilos] está a vender-se a sete euros. Só dá prejuízo", conta Manuel Martins, produtor de Loulé, proprietário de um amendoal com 500 árvores. A baixa de preços está ligada à concorrência dos mercados espanhol e norte-americano, mais especificamente da Califórnia, o maior produtor do Mundo.
"Os nossos produtores têm várias parcelas de terreno dispersas e muitas vezes pequenas, o que faz com que não se consiga produzir tão intensamente como na Califórnia, que tem áreas grandes e dedicadas exclusivamente à produção da amêndoa", explica José Filipe, da AGRUPA – Agrupamento de Alfarroba e Amêndoa. Para além da produção em massa, a tecnologia avançada empregue nos EUA permite vender a amêndoa já descascada mantendo o baixo preço, enquanto os produtores nacionais têm ainda de suportar o encargo do descasque.
O cada vez menos lucrativo negócio está a fazer com que os agricultores comecem a abandonar a produção. Há um ano que Manuel Martins não recolhe amêndoas. "Tenho 500 quilos na garagem à espera que o preço suba", assume, lembrando que está a apostar cada vez mais na produção da alfarroba, solução que tem sido adoptada pela maioria dos produtores. "É o chamado Pomar de Tradicional Sequeiro Algarvio, com alfarrobeiras, amendoeiras, figueiras e oliveiras. É um sistema mais ecológico e menos atreito a riscos comerciais, porque se uma produção não compensa, sempre têm outro produto", realça José Filipe.
DISCURSO DIRECTO
"PRODUTORES NÃO ESTÃO INTERESSADOS", José Filipe, AGRUPA - Agrup. Alfarroba e Amêndoa
CM – Qual a grande dificuldade dos produtores de amêndoa?
José Filipe – Quando a mão-de--obra começou a escassear, a partir dos anos 70 do século passado, começou a haver um abandono cada vez maior dos amendoais. Agora, com o preço em baixo, muitos produtores nem sequer apanham as amêndoas sob risco de não compensar financeiramente.
– O que poderá ser feito para contrariar a baixa produção?
– Organizações como a AGRUPA podem ajudar a criar instalações de recolha, selecção e comercialização, mas tal nunca foi feito porque os produtores não estão interessados. Mesmo com apoios do Estado, teriam de injectar algum capital.
– A produção é significativa?
– Actualmente, na AGRUPA, a produção de amêndoa equivale a apenas um por cento do volume de negócios.
PINHÃO É VENDIDO PARA TODO O MUNDO
É no Alentejo que se concentra grande parte da produção nacional de pinhão. Num ano médio, atinge--se 80 milhões de quilos de pinha e 2,3 milhões de quilos de pinhão, num volume de negócios de 80 milhões de euros. Dos 53 mil hectares de pinheiro manso existentes no Alentejo, 35 mil situam-se na região litoral. Os concelhos de Grândola e Alcácer do Sal assumem-se como os mais produtivos do País (60 por cento da produção total). Só em Alcácer, há 150 produtores que retiram do pinheiro manso o rendimento anual. É o caso de Vítor Rosa, proprietário de uma fábrica de transformação de pinhão, com 60 anos de história. "É um produto de exportação porque a nível interno é um fruto caro e de consumo baixo. Diariamente saem da fábrica 1500 quilos de pinhão para Itália, EUA, Alemanha, Suíça, Arábia Saudita, Israel e Japão", explica.
CASTANHA VALE 20 MILHÕES
A produção de castanha gera anualmente cerca de 20 milhões de euros nos concelhos de Vinhais e Bragança. É a cultura mais rentável daquela região transmontana. Na denominada Terra Fia, a produção anual ronda as 42 mil toneladas, perto de 85 por cento da produção nacional. Exportam para vários países da Europa, para o Brasil e para os Estados Unidos." - Correio da Manhã

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